Ciclos anuais

31 de dezembro de 2018, quase 22h.
Criei esse blog para aliviar qualquer coisa que estivesse entalada na garganta ou presa no peito. Minhas ansiedades demandam muitos momentos de descomprensão. Depois de semanas desde a criação desse blog, a atitude do primeiro post só veio hoje. Agora.
Sempre gosto de escrever algum texto no final do ano, como um ritual de digestão e gratidão. Os textos sempre aconteciam no facebook mas esse ano a exposição em rede social não me convenceu. Quis muito agradecer aos ambientes de trabalho por todas as parcerias e aprendizados e mesmo assim desisti da empreitada. 
Sinto que esse foi o cerne de 2018: trabalho. Trabalhei como se não houvesse amanhã. Trabalhei como escape para os sentimentos. Ocupada e cansada, não sobrava energia para me conectar comigo mesma e lidar com meus conflitos internos. Amo o que faço e agradeço sempre por esse privilégio. Tudo girou em torno disso: meus horários, minha vida acadêmica, minha saúde e todos os demais aspectos da minha vida. Não me arrependo, apenas acho que poderia ter cuidado mais de mim ao longo do processo. Encerro o ano com boas oportunidades de crescimento mais a realização de poder me desligar de uma empresa cuja relação com os funcionários é nada saudável. Profissionalmente, me orgulho de um saldo positivo numa curva ascendente.
2018 foi o ano responsável por péssimos hábitos alimentares, na correria cotidiana. Foi o ano das sucessivas crises de garganta e alergia e dos nervos em frangalhos, muitas vezes, tomada pela ansiedade. E, nesse burburinho, chegou Dado. Dado foi o presente que a copa da Rússia me deu. Que felicidade perceber que eu podia me abrir para o amor novamente. Em 6 meses, conheci muito de mim graças a ele. Escolhi passar a virada do ano ao lado dele, na cama enquanto ele dorme vencido por um inchaço no pé e eu me entrego a essa rinite atacada. Acho que foi justo isso a inspiração para escrever esse post. Fiquei aqui deitada refletindo como 2018 me levou a esse reveillon dormindo mas tão satisfeita por tê-lo ao meu lado. A trip para canavieiras miou e nos restou a cama. E como me sinto completa.
Curiosamente, ainda não me deu vontade de chorar nesse último dia do ano. Apesar das adversidades, o balanço é muito positivo e não sinto alívio pelo ciclo que se encerra, olho para os últimos 12 meses e me regozijo com minhas conquistas e derrotas.
A minha relação com a faculdade de letras, inclusive, foi derrotada brutalmente. Quase nada aprendi e perdi em várias matérias. A falta de tempo e de energia me levaram ao desleixo e muito me martirizei. Hoje, olho pro horizonte de 2019 e vejo oportunidades de redenção, é o meu alento. 
Inicio o próximo ciclo de 365 dias não apenas com a promessa, mas a consciência da necessidade de organizar meu tempo e de diminuir meu ritmo. Aliás, as amizades foram cruciais para sobreviver. Tive a honra de ter pessoas muito especiais ao meu lado todo o tempo.
Para o ano que já está à porta, levo os aprendizados e o progresso de 2018. Levo a tranquilidade de ter amor, amigos e trabalho. E que Deus nos proteja de Bolsonaro.

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