What is it that you truly desire?

Maratonar Lucifer tem mexido comigo. Me pego às vezes questionando o que me atrai tanto na série. Penso que é a busca sinuosa do personagem principal pelo seu próprio eu e como lidar com o que foi feito dele. Algumas coisas no caminho foram determinadas por outros e ele acabou por incorporar como se fosse si mesmo. Identifico com alguns do meus conflitos. Esse eterno não saber se estou sendo eu o que moldaram de mim, todo o processo adolescente de auto definição que veio tardiamente aos 25 anos.
Sinto o meu verdadeiro eu e o quanto ele grita por dentro, aprisionado com as amarras da castração familiar. Como dar cabo disso? É doloroso. Vivo na eterna culpa por não ser eu mesma, aliada à sensação de impotência por não ser capaz de resolver o conflito. Sigo me sabotando. Eu tenho medo de mim. Me apago. Tenho medo de tudo que posso ser e da consequente carga.
O que realmente desejo? Eu quero ser eu. Quero usufruir de todo meu potencial e viver como se fosse da conta de ninguém - o que não é, de fato.
Eu quero ser magra. E não porque eu ache que ser gordo é errado/feio/irresponsável. Estou fazendo nada errado por estar acima do peso, mas não consigo me adaptar ao meu corpo na forma que ele está. As roupas que eu quero usar, a resistência física, o peso em si, além da forma, têm me incomodado bastante. Sem falar que não consigo me reconhecer no espelho. A minha imagem mental é de uma pessoa mais magra, olho no espelho, vejo fotos e me assusto. E eu quero emagrecer por vontade própria, esquecer toda a carga de minha tia no juízo. Se ela resolver se meter, coloca-la no seu devido lugar. Ela tem suas frustrações com a vida e não é meu papel fazer parte. Se ela não se aceita, que fique com isso só pra ela. Espero que não esteja fazendo isso pensando na aceitação no forró. Sendo magra, mais atraente, tenho mais chances de ser chamada pra dançar. Eu também quero isso, mas, principalmente, quero ser chamada pra dançar porque eu danço bem e transmito uma boa energia. É isso. Emagrecer é pra poder me resolver com o espelho de uma vez por todas.
Eu quero ser inteligente. De fato. Quero voltar a ler e absorver conhecimento constantemente, e não compulsivamente como me sinto inclinada a fazer. Preciso da minha inteligência e não mais temer a responsabilidade que vier. Tem nada de errado em ser inteligente. Nada. Eu não preciso me sabotar. Eu posso muito mais e tenho que me orgulhar disso. Me diminuir, por quem quer seja, não ajuda a mim nem à pessoa. E se minha tia aparecer vampirizando, como sempre fez, tomando meu conhecimento pra ela e trocando o que falo, mais uma vez, é ter forças para coloca-la em seu devido lugar. E não mais dar bom dia a cavalo. Já são 10 anos presa nessa armadilha de evitar ser inteligente. 10 anos perdidos, o tempo não volta. Eu só queria ser capaz de me concentrar novamente e ler meus livros. Estudar em paz. Não me sentir pressionada a ser a inteligente que vai crescer na vida com isso e dar retorno financeiro à família. É isso. Não era somente minha irmã. É todo mundo. Fui criada para ser a galinha de ovos de ouro, e entrei em pânico quando esse momento chegou. Eu não senti espaço para buscar o que me daria satisfação. Por isso os ciclos intermináveis de culpa e sabotagem. Qualquer sinal de sucesso vem junto com a carga de dar retorno à família. E ainda que me sinta inclinada a ser grata, isso não significa que sou obrigada a corresponder às expectativas alheias. Caramba, era isso o tempo todo. A responsabilidade de prover tudo que esperaram de mim. Tenho que decidir por mim, tomar os rumos pensando em mim primeiro e como, eventualmente, posso dar certo suporte familiar, dentro das minhas prioridades. A satisfação tem que ser pra mim. Apenas para mim. Eu tenho que amar, não os outros.
Caralho. A aceitação que tanto almejo vem após me aceitar. Não preciso dessas inseguranças: medo de falar besteira, medo de usar conhecimento, medo de ser intensa, de comer as pessoas com os olhos como é minha personalidade. Eu não preciso rir para tudo como se fosse um ser humano não pensante e superficial. Eu não preciso estar sorrindo/simpática a todo momento. Eu sou intensa. Minhas vontades são intensas. Meu olhar sempre foi penetrante, e tenho medo de olhar nos olhos. Eu não tenho que me esconder. Se ficar sensual, foda-se. Se ficar pedante, foda-se. O importante é a consciência da intenção e da eterna  possibilidade de falhar. Tá tudo bem em errar. Tá tudo bem em me apoiar. Abdul vive me dizendo que preciso ligar o botão do foda-se. Coberto de razão. Por falar em Abdul...
Eu quero vida amorosa. Eu quero acreditar que sou digna do amor/desejo de outras pessoas. Aqui tem várias nuances. Mas não preciso ficar perdida como fiquei sexta com André dando em cima de mim. Cara, eu não sabia o que fazer. Era um cara padrão me achando interessante e com tesão por mim. Eu momento que estava sendo eu mesma, dançando e curtindo com amigos,desapegada de estar sendo atraente ou não. Eu sou uma pessoa interessante, tenho que parar de acreditar no contrário. Ter sido a amiga feia - e ser até hoje - minou minha auto estima. Mais toda a tormenta de sempre ter sido gorda e me fazerem sentir o demônio em função disso. Mais o fato de ser negra nessa sociedade racista, crescido em escola de elite na qual meninas não são aceitas. Mais o fato de ter sido veemente podada pela minha mãe na adolescência (cronológica) já que eu começava a ter desejos e atrair a atenção por ser aberta às pessoas, ela manipulou que parasse. E desde então me sinto mal pelas minhas nítidas inclinações sexuais. A questão do olhar penetrante, abraçar pessoas, jogar beijos, sei que fica sensual e me vez de orientação recebi castração. I'm worth it. Eu não preciso ficar recuada, esperando que alguém me note pra ter um relacionamento. Dos 3 namoros, todos me escolheram. Eu aceitei porque foi o que consegui. Sempre acreditei que não mereço muita coisa, foi um dos ganchos que me prenderam a André. Eu mereço muita coisa. Eu mereço um Abdul. Como é estranho expressar isso. Mas não há motivo para achar que alguém como ele está acima de mim. Aliás, não há porque achar que qualquer ser humano está acima de mim. E é isso.
Eu também quero ser mais centrada. Voltar a orar, cuidar de mim. Fazer pequenas meditações. Ter mais me moments. Arrumar as bagunças internas e externas. Tenho caminhado ao meio ao caos, e tenho alcançado algumas coisas, mas imagina só se eu me estabilizo e arrumo tudo. O céu é meu limite. Get myself together. E não adianta ficar só no pensamento e nas reflexão sem um bom plano de ação. E vamos lá. Um plano possível, realista. Levado a sério. Pequenas ações para meu dia-a-dia. Se eu quero ser vegetariana? Go for it. Se eu quero ser magra? Orar todos os dias? Estudar? Ler? You can do whatever you want. Então vamos à lista para essa semana.
1- Orar + iniciar o projeto melhorar-se.
2- Ler links salvos no chrome do celular. Uns 2 por dia.
3- Diminuir o tempo de rede social. O que inclui respeitar o limite de 1h do instagram.
4- Comer carne uma vez ao dia.
5- Não gastar dinheiro com supérfluos. Leve lanches de casa.
6- Lembrar que:
  • não sou obrigada a corresponder às expectativas da família.
  • não sou obrigada a crescer na vida pra prover eles.
  • tá tudo bem em ser você, não esconda sua personalidade forte. 
  • stand tall.
  • não tenha medo de ser notada, é parte de ser você.
  • você é suficiente. 
  • confie.
Trust. Breathe. Go on. Keep your head up high.

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